segunda-feira, maio 14, 2007


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A FEIRA DE PONTE
Conde d'Aurora

Arquivo de Ponte de Lima, 2005


O sentimento do passado não nos larga, faz parte integrante do homem solitário ou inserido no grupo. As mil e uma experiên­cias vividas directamente ou difundidas pelo costume de cada época animam intensamente a nossa memória social num pro­cesso sublime de fruição e de estremecimento. Mas ao passar dos séculos, desde as culturas orais até aos nossos dias, fi­caram para trás múltiplas representações de uma comunida­de. O historiador de ofício tem a possibilidade de reconstruir quadros remotos e esquecidos, mas também reconhece que muitos outros desapareceram definitivamente. Esta reflexão serve para enaltecer a luz do documento e o gé­nio criador do homem que o transmitiu no seu tempo a outros tempos. E é assim, no meio de um grande regozijo, que esta­mos aqui a evocar com encanto um dos magníficos textos literários de um escritor nato da escola romântica: o Conde d'Aurora. A Feira de Ponte propicia-nos as delícias de uma leitura do começo ao fim. É um registo vivo e flagrante que ilu­mina a cultura da nossa região materna. Um apelo ao olhar para reter a paisagem, a cor, o som e o movimento das imagens. Uma partilha com outros: Oh! Se puderes, forasteiro, vem a Ponte de Lima num dia de mercado. E venha então o leitor-visitante, forasteiro ou não, nesta manhã de sol, desco­brir esta feira de há décadas, diferente das que se realizam hoje às segundas, de quinze em quinze dias (às outras, chama-lhes o povo solteiras).

Luís Dantas

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