segunda-feira, dezembro 08, 2008


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O ACHAMENTO DO BRASIL


VASCO DOS SANTOS


Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006


Os versos desta obra, O Achamento do Brasil, evocam os homens, «os sonhadores dos mares, /Que se norteiam pelo cintilar dos astros» (1), os soldados, os padres, os pajens, os calafates, os degredados, «os embarcados e embarcadiços» (2) nas velhas rotas das naus ou das caravelas num tempo longo de

 

«Tantos dias, tanto mar,

Tantas alegrias pra contar,

Tantas agonias pra lastimar.» (3)

 

Vasco dos Santos inspira‑se nas velhas crónicas e, através de um processo de intertextualidade, cria outra linguagem repleta de rimas, de sonoridades, de vibrações.

 

«Com a manhã serena e calma,

Procedeu-se à contagem,

Como sempre se fazia,

Das naus e das caravelas

E de toda a marinhagem

E de tudo quanto nelas havia.

 

Perante o espantado olhar

E os escancarados olhos,

Faltara uma à chamada geral.

 

O mar era calmo, sem ondas,

Nem sargaços, nem escombros, nem escolhos,

Mas ficara menor a esquadra de Cabral.» (4)

 

Mais adiante, «ao romper da aurora» (5), já ela baloiça nas palavras com

 

«aves que «topamos»,

 Chilreando, alegres, aos bandos» (6).

 

Todos sabem, pela experiência, que a terra está próxima. E esta poética faz ouvir a brisa, a água, o alvoroço e a alegria dos mareantes que

 

«Gritavam à toa, à toa, à toa:

-Terra à vista! À vista! À vistaaaaaa!» (7)

 

            O leitor vai vivendo esta aventura, deixa‑se embalar por este roteiro, deslumbra‑se com as aguarelas que moldam este livro: «os brancos areais da praia aberta» (8), «os homens da terra» (9) com as suas carapuças, «Amarelas umas, Vermelhas outras/ E verdes eram algumas» (10), «armados de arcos e flechas e setas» (11), «os corpos nus/E todos pintados em cores diferenciadas/ E garridas» (12), as moças «graciosas e gentis, /Os cabelos compridos e pretos» (13).

Vê-se ainda as viagens ao longo da costa, «as matas densas» (14), as palmeiras, o esvoaçar de papagaios, a «ribeira grande» (15), o corte de madeiras, as aldeias, as casas, as danças, os ritos, os modos de conviver, a «cruz erguida» (16) - «o símbolo e a luz/A perpetuar-se na terra de Vera Cruz.» (17) 

 

Notas         

(1)   Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.9

(2)   Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.14

(3)   Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.11

(4)   Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pp.31-32

(5)   Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.45

(6)   Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.45

(7)   Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.47

(8)   Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.57

(9)   Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.65

(10)           Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.84

(11)           Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.60

(12)           Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.82

(13)           Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.82

(14)           Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.129

(15)           Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.144

(16)           Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.155

(17)           Vasco dos Santos, O Achamento do Brasil, Editora Nova Aldeia, São Paulo, 2006, pg.153