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Título: A Salvação de Portugal
Autor: José Manuel Pinto Pereira
Editora: Prefácio
Capa: João Nunes
José Manuel Pinto Pereira começa por reflectir sobre a transição da sociedade agrícola para a sociedade industrial. Regista as transformações nas relações pessoais e o emergir de um «individualismo desenfreado.» Olha para os países (com os seus governantes) mal preparados, sem regras, sem ética, muito pouco atentos aos grandes flagelos do momento, fugindo às suas responsabilidades. «O ensino degrada‑se? A criminalidade dispara? A droga propaga‑se? A corrupção instala‑se?... De uma coisa temos antecipadamente a certeza: a culpa não é de certeza absoluta, nem do aluno, nem do professor, nem do delinquente, nem do consumidor, nem do corruptor… O problema, como é de bom tom dizer‑se, é mais vasto… E a conclusão obrigatória e antecipada de todos os inquéritos e relatórios é sempre a mesma: a culpa é da Sociedade ou melhor, não é de ninguém.» Esta é a grande verdade que atravessa constantemente a sociedade portuguesa. Ainda há bem pouco tempo arderam muitos hectares nas matas nacionais, nos parques naturais, desapareceram terrenos de cultivo, casas e utensílios agrícolas, morreram homens e animais. Tem sido assim nos últimos anos. Todos sabemos que a classe política instalada no aparelho de estado não sabe intervir: deixa tudo ao abandono e continua a não mandar fazer a prevenção, a limpeza, a vigilância, o patrulhamento, a abertura de acessos, a criação de fontanários ou bocas de água, a intervenção rápida. Mas desculpam‑se com os tais inquéritos e culpam os incendiários. Se existisse vigilância, comunicações, patrulhamento, os incendiários não chegavam perto das matas ou dos parques! É por isso, para lá de muitos outros factores, que «a confiança dos cidadãos nas instituições políticas tem vindo a diminuir, de forma lenta mas segura.» A gente ligada à política está hoje desfigurada, caiu no ridículo. É gente que não brilha, que não inspira respeito e que representa «um poder político demissionista e complacente que contorna os problemas: ou ignorando‑os, ou criando outros para fazer esquecer os primeiros, ou dialogando sobre eles mas em atitude passiva, tolerante e fatalista.» Muito ainda para ler nesta obra que ergue uma voz lúcida, apaixonada, inteligente. E é necessário fazer coro com ela contra o abaixamento nacional. O país precisa de uma «nova geração de gente» com regras e valores.
quinta-feira, agosto 24, 2006
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