terça-feira, março 28, 2006

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João-Maria Nabais
Palhais

Edições Ceres e Junta de Freguesia de Palhais, Lisboa, 2002

João Nabais publica agora o seu décimo primeiro livro de poemas. Poeta de uma sensibilidade vibrante, produz uma poesia de forte expressão lírica, iluminada por uma linguagem rumorosa, rente à luz, soberba em imagens.
Na construção dos seus poemas, marcados pelo ritmo solto e pelos versos brancos, incorpora temáticas da vida ribeirinha, instantâneos do quotidiano, momentos lúdicos das crianças, crepúsculos à beira mar, mágicas amorosas ou paixões corporais, ideias sobre o acto da escrita: «escrevo para me libertar».
As palavras movem‑se nas sombras ou nos contrastes das cores, atravessam o «orvalho» ou a «noite densa» para captar a beleza primitiva das coisas num processo criativo de estilização: o «rio adormecido», o «mar de lua-cheia», a «música d'água das cigarras», as «aves», as «gaivotas em terra», o «barco/perdido na maresia», a «vela rasgada», as «chuvas brancas», a «praia», a «maré», a «névoa e cinza».
E com tudo isso depois, nas linhas do texto, exprime a sua percepção poética e o seu estilo plástico. Nesses trilhos percorridos, vai assim ficando a luz na poesia, o lirismo nas fontes íntimas, o feitiço na palavra, a melodia no ritmo interior e o êxtase no pensamento imaginário ou no «sabor impossível da terra antiga».


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