terça-feira, fevereiro 03, 2004

VIAGEM OCULTA DE FÁTIMA MEIRELES

Esta viagem faz-se pela poesia, sob os «enigmas fluidos» ou o mistério das palavras, escutando o ímpeto interior, os sentimentos, as lembranças, as emoções, a vida no seu processo contraditório. Percorrem - se caminhos de outras dimensões «no inquieto cinza da madrugada» (1), no sonho e no encantamento. Buscam-se vivências da magia e do poético: «quero ser vento, /ser mar, /ser sol/ e estrela.» (2) Criam-se movimentos de consciência nos apelos à harmonia do homem com a natureza e à construção ininterrupta da «vida/ (…) vivida». (3) Desafiam-se mistérios e reinventa-se a própria existência numa linguagem que registra «um ritmo próprio num estilo natural e humano. O sentido da vida move-se por todas as coisas.» (4) E assim se cumprem os ciclos do poema na ida e na volta, do universo exterior para o universo interior porque «a poesia», diz a poeta, «é o meu lado de dentro numa viagem inacessível». (5) Esta vertigem do viver é a marca mais profunda da trajectória artística de Fátima Meireles. É mais uma voz que emerge nas margens do Lima com o seu grito e o seu silêncio a transportar as paixões no esplendor do seu timbre feminino.

Luís Dantas

Notas

(1) Fátima Meireles, Viagem Oculta, Edições Ceres, Ponte de Lima, 2003,pg.23
(2) Fátima Meireles, ob. cit., pg.26
(3) Fátima Meireles, ob. cit., pg.86
(4) Amândio Sousa Dantas, Os caminhos da Palavra, no prefácio, pg.10
(5) Fátima Meireles, ob. cit., pg.93

1 comentário:

José Fernandes disse...

Sempre é muito bom saber que pessoas de sua família desenvolvem taletos explendorosos. Fatima Meireles é uma prima que muito estimo. Não temho tido contato com ela já há alguns anos e por isso se estiver com ela deixe o meu endereço de blog
http://fernandes-aerobrasil.blogspot.com